É no verão que, como tantos outros, tenho o período de férias mais longo. Aproveito esta época para viajar, conhecer novas paragens, outras culturas; para partilhar o tempo livre com amigos, viver novas experiências e para me dedicar mais à leitura.

Gosto especialmente, de romances históricos e em tempo de férias, dedico-me a “pôr a leitura em dia”.

Nestas férias, entre outros livros, li uma obra de Júlia Navarro, “Dispara, Eu Já Estou Morto”. Este livro conta-nos a história do cruzamento dos destinos de uma família palestiniana e uma família judia, de origem russa, e a luta por um “pedaço de terra”, que leva ao afastamento irreversível dos dois povos. Relata o conflito israelo-árabe desde o início do século XX até à criação do estado de Israel. Mostra-nos como uma amizade genuína é abalada por diferentes ideologias. A vida de quem tem de abandonar a sua terra, a sua família e amigos em busca de um local onde possa viver em paz.

Quando terminei esta leitura estava a acontecer a saída das tropas norte-americanas do Afeganistão e a tomada de Cabul, pelos talibãs. É então que faço uma analogia com a obra que que tinha acabado de ler. A saída de muitos afegãos, à procura de uma nova terra onde possam viver livres e em paz. Naturalmente, vão deixar para trás muitos amigos, família, ligações que julgavam poder manter para sempre. Têm pela frente muitos desafios, desde o país de destino, o início de uma nova vida e a criação de laços com os cidadãos do país que os acolhe.

Estas “movimentações” têm sido frequentes, ao longo dos séculos e nos diferentes continentes. Infelizmente, nem sempre estes deslocados atingem o destino, depois de todos os contratempos que enfrentam.

Tenho uma enorme admiração pelos que arriscam à procura de uma nova vida e acredito que Portugal é um país que sabe acolher e saberá criar condições para todos aqueles que nos escolherem em busca de “um pedaço de terra”, para viver em liberdade e em paz.

Teresa Paula Costa
Fonte: Gazeta Paços de Ferreira