Há duas semanas foram avançadas notícias pela imprensa local espanhola de que uma delegação da Câmara Municipal de Paços de Ferreira encabeçada pelo presidente, Dr. Humberto Brito, e pelos vereadores Dr. Paulo Ferreira e Dr. Júlio Morais estiveram na cidade de Pontevedra “à procura de ideias para propor possíveis caminhos e futuros para o seu próprio território”. Esta frase citada no jornal Faro de Vigo deixa-me ainda mais preocupado com o que se passa nas duas cidades do nosso concelho.
Há vários anos que estão a ser feitas (e desfeitas) intervenções nas vias públicas, com constantes cortes de estradas sem existir um planeamento. Os nossos cidadãos e empresas são quase diariamente surpreendidos com mais uma estrada bloqueada quando se deslocam para os seus locais de trabalho ou quando regressam a casa.
Acreditando nestas declarações, e depois de muitos milhões de euros gastos, parece que o próprio executivo PS está insatisfeito com o resultado das obras, ao ponto de o Sr. Presidente da Câmara e a sua comitiva terem feito uma viagem a Pontevedra para se (re)inspirarem no conceito de urbanidade daquela cidade.
Mas o Dr. Humberto Brito saberá, com certeza, que o modelo urbano de Pontevedra vocacionado para a mobilidade dos cidadãos nos espaços públicos é um projeto com mais 20 anos de implementação iniciado em 1999. Foi um plano das pessoas pensando para as pessoas. Os responsáveis políticos de Pontevedra tiveram em atenção as necessidades e a visão das pessoas, solicitando opiniões e ideias para uma melhor circulação apeada nas principais artérias da cidade. Ora, o Dr. Humberto Brito continuou mal este processo de regeneração urbana nas nossas cidades. Desde logo porque não ouviu a comunidade, avançando com obras em função da sua visão individual, sem preocupações para perceber se estas alterações seriam do agradado das pessoas e dos nossos comerciantes, quebrando desta forma o hábito adotado pelo anterior executivo liderado pelo PSD de os ouvir.
Concordo que devam ser observadas cidades e modelos com boas práticas urbanísticas e mobilidade, contudo, estas devem fazer parte de um processo previamente elaborado e que, além destas visitas, permita a auscultação da nossa comunidade, e ainda que nestes processos possamos contar com uma voz ativa das instituições socioeconómicas desta comunidade.
Esperamos e desejamos, para o bem de todos, que o sr. Presidente da Câmara tome consciência dos constrangimentos que está a provocar aos nossos cidadãos e às nossas empresas, e que tenha encontrado a necessária inspiração por terras da Galiza para retirar o inconcebível estaleiro que criou nas traseiras do Tribunal, no coração da cidade.