Mobilidade: o desafio

Categoria: JSD

Nos últimos anos assistimos a uma constante banalização do tema e devido à importância do mesmo e às repercussões que pode ter e tem no quotidiano de todas as pessoas, este, muitas vezes, sai do campo das reformas a executar para ser instrumentalizado como arma de arremesso político.

 Um concelho como o nosso, que está a sensivelmente a 20km do Porto não pode ser vítima do extremo centralismo que afeta o nosso país e deve ser alvo de profundas reformas neste setor. A questão da mobilidade e consequente aposta são motivos de reflexão e são dois dos principais meios para vários fins como a fixação de jovens; a atração de possíveis polos universitários com muitas universidades e instituições de ensino superior a desejarem cada vez mais a descentralização; mais atividade económica devido ao facto da grotesca centralização e do aumento abrupto dos custos nas grandes cidades, cada vez mais empresas e multinacionais têm com objetivo instalarem-se em cidades vizinhas.

A mobilidade, no fundo, é um desafio recorrente, sobretudo deste século e também um dos alicerces base das transformações do mundo. Se analisarmos o passado histórico a mobilidade e os transportes tiveram sempre um papel chave, e quem ficava para trás nesta matéria, ficava para trás nas de mais áreas e setores da vida e da política. Foi assim com as sociedades recoletoras, nas primeiras civilizações, nos impérios, nos descobrimentos, nas transições dos paradigmas de pensamento, nas revoluções industriais, nos contextos difíceis de guerra, na política e diplomacia do passado recente, até à atualidade.

A questão do comboio sempre foi chave para Portugal e muito o temos discutido. A verdade é que se compararmos a linha férrea existente em 1988 com a de 2015 (que não é muito distinta nem sofreu alterações de fundo com 2023), regrediu imenso. Isto não pode ser desígnio nem meta para um país que se diga e que tem ambições a ser um país desenvolvido. Devido, sobretudo, à fraca e incompetente gestão desta área a que todos assistimos hoje, os serviços da CP – Comboios de Portugal, são hoje medíocres, extremamente caros e a burocracia para adquirir um simples bilhete que faça a conexão entre as duas maiores cidades do país, por exemplo, é simplesmente ridícula.

Por outro lado. Alguém considera razoável considerar-se mais depressa a ligação de alta velocidade de Lisboa-Madrid sem primeiro ser melhorada a de Porto-Lisboa e sem primeiro reforçarmos a coesão territorial dentro do nosso distrito?

            Sobre o autocarro, se o mesmo for caro para o cidadão o mesmo não opta por essa possibilidade. Enquanto andar de autocarro for mais caro do que andar de carro (como acontece em diversas situações) o cidadão, por razões lógicas, nunca optará pelo autocarro. Com tanta gente a precisar de cuidado médico nos hospitais centrais e com tantos estudantes a estudar nos mesmos locais, os preços devem ser mais competitivos.

            Comecemos a olhar para esta problemática como deve ser olhada.

Miguel Moreira

Vice-Presidente da JSD Paços de Ferreira