Enquanto alguém tiver medo de falar não vivemos em democracia.

Categoria: PSD Paços de Ferreira

Celebramos esta semana 48 anos do 25 de abril de 1974.

Temos, hoje, mais tempo de liberdade do que de ditadura, esta frase tem sido dita de forma repetida pelos órgãos de comunicação ao mesmo tempo que nos revelam o resultado de um estudo de opinião que nos indica que são as gerações mais novas as que mais valorizam o 25 de abril e o que ele representa.

Hoje, quando falamos em liberdade não estamos a falar do fim da ditadura, do fim da censura, da liberdade de imprensa, da liberdade de associação entre as pessoas, da liberdade de opinião e da liberdade de escolhermos, pelo voto, livre e universal, os representantes do povo.

Hoje, falar em liberdade é falar de um conceito muito mais profundo do que a conquista da democracia é o exercício da liberdade na sua plenitude, é falar em igualdade, em autodeterminação sexual, religiosa, liberdade de escolha, liberdade de pensar e agir e participar na vida da coletiva, liberdade de ter direito a querer e liberdade de querer ser. Quem desempenha funções políticas publicas tem o dever de promover esta liberdade.

A democracia que a referida maioria dos jovens valoriza é uma democracia muito mais voltada para uma liberdade individual de participação na vida da sua comunidade, na vida de um concelho e de uma freguesia, quer de forma individual quer de forma coletiva e organizada.

Mas, infelizmente, ainda existe quem, exercendo funções políticas publicas e tendo sido legitimado pelo voto, persiste em limitar a liberdade, umas vezes não a promovendo e outras vezes ostentando a sua posição para intimidar, coagir, condicionar. Mas o mais grave acontece quando estes comportamentos tendem a assumir uma normalização  

Quando um simples cidadão, um dirigente associativo, um empresário ou um simples cidadão emite uma opinião nas redes sociais sobre um determinado tema municipal e recebe uma chamada a questionar a razão da opinião, estamos perante uma tentativa de normalização da falta de democracia.

Quando a comunidade está bloqueada por não sentir que os eleitos não promovem o debate, ignoram as opiniões publicas ou mesmo quando nos órgãos municipais são ditas coisas como “deixem-nos concluir as obras e depois critiquem”, não vivemos em democracia.

A democracia tem de ser promovida por quem exerce cargos políticos públicos e enquanto alguém deixa de falar por medo de represálias dos detentores de cargos públicos não vivemos em democracia.

António Coelho

Fonte: Gazeta de Paços de Ferreira