Discurso Luís Miguel Martins Assembleia Municipal 25 de Abril 2021

Categoria: PSD Paços de Ferreira

Caras e caros concidadãos,

Foi há precisamente 47 anos que a voz do povo se ergueu para derrubar um regime fechado, opressor, de pensamento único.

Foram décadas de perseguições e torturas contra quem pretendia seguir as suas próprias ideologias, décadas de dificuldades económicas e sociais expostas nas famílias portuguesas.

Décadas marcadas pela forte estratificação social e desigualdade de oportunidades.

Só a coragem dos revolucionários de ‘Abril’ permitiu quebrar as barreiras da ditadura e libertar o nosso povo para, finalmente, poder respirar o ar da liberdade e viver em democracia.

São os valores que definem as sociedades democráticas, respeitadoras e identificativas do bem-comum.

Todos nós conhecemos a história e sabemos que custaram vidas humanas para alcançar a liberdade.

Estas conquistas não podem ser colocadas em causa, nem devem ser nunca questionadas, porque muitos de nós ainda sentem por experiência própria, ou por testemunhos de familiares, as assimetrias identificativas da sociedade antes e depois do 25 de Abril de 1974.

Devemos, todos nós, defender os valores conquistados no 25 de Abril e respeitar os princípios fundamentais da nossa constituição, baseada num Estado de Direito democrático. 

A democracia entregou ao povo os destinos do país para garantir uma sociedade mais justa e equitativa.

Cabe ao povo português eleger os seus representantes governativos e são os políticos eleitos por todos nós que devem assumir o ónus da responsabilidade na defesa das conquistas de Abril.

Está nas mãos de quem governa, o poder Central e o poder autárquico, garantir a manutenção das conquistas de Abril.

Ao nível local devem ser os nossos governantes, que todos os dias frequentam a casa da democracia a darem o primeiro exemplo, nas palavras e, sobretudo, nas ações, reforçando sempre os valores conquistados e incentivando a participação sempre assente nos pilares de Abril.

Uma das conquistas do 25 de Abril foi o despertar para o mundo associativo. Foram criadas dinâmicas, movimentos desportivos e culturais.

A prática desportiva emergiu, nasceram associações diversificadas que dinamizaram o associativismo e a interacção das pessoas.

A divulgação cultural ultrapassou as fronteiras locais, as nossas tradições começaram a ter outra importância na nossa vida colectiva.

Abril não pode permitir que esta abertura da sociedade representada pelo associativismo, possa ser hoje instrumento de chantagem política, não podemos aceitar, nem permitir, que o poder autárquico eleito pelo povo seja capaz de ousar chantagear direcções associativas para as colocar ao serviço dos interesses partidários e eleitorais.

Os tempos que vivemos são de desafios à nossa resistência e capacidade de resiliência.

A pandemia está a colocar-nos à prova, a todos nós!

Suspendeu o mundo das suas atividades e das suas dinâmicas.

Distanciou as pessoas, colocou barreiras nas interações pessoais e profissionais.

Obrigou-nos a readaptações e a saber comunicar pelas vias alternativas.

A tecnologia substituiu o contacto humano.

A pandemia colocou à prova a capacidade evolutiva da ciência.

Colocou incertezas nos nossos horizontes, mas não pode, em momento algum, suspender a democracia.

Não podemos deixar que as conquistas que ocorreram ao longo destas quase cinco décadas sejam hoje prejudicadas com esta pandemia, para tal é fundamental adotarmos um papel interventivo, porque só desta forma poderemos respeitar todos aqueles que lutaram e lutam diariamente contra esta pandemia, bem como homenagear os que infelizmente nos deixaram.

A democracia traz-nos ainda uma nova visão da família.

Um conceito assente numa maior pluralidade e paridade, em que o papel da mulher é finalmente valorizado.

O reconhecimento de que a mulher tem um papel importante na sociedade foi conquistado nestes anos e, mesmo sabendo que ainda há um caminho a percorrer para quebrar certos preconceitos, é hoje visível a importância da mulher na atividade social, política e económica.

É um trabalho que ainda precisa continuar para cortar definitivamente o cordão das desigualdades de género.

Devemos lutar pela mudança de paradigma, para que a juventude que está a crescer perceba que as conquistas de Abril valeram a pena.

Somos nós as testemunhas vivas dessas memórias de Abril.

Mas hoje e aqui, falar de Abril é falar do nosso concelho, da nossa comunidade. E hoje, como sempre, o populismo e a demagogia corroem a liberdade e a democracia.

Ninguém, em consciência, pode ignorar um dos maiores desafios da vida colectiva do nosso concelho – A concessão da água e o saneamento.

A nossa comunidade assistiu em 2004 a uma decisão política unânime de escolha por um processo de concessão para garantir que o concelho pudesse usufruir de um bem essencial que é o abastecimento domiciliário de água e a recolha de saneamento.

Um processo que veio trazer qualidade de vida do ponto de vista ambiental e de saúde pública. 

– Os nossos rios hoje correm limpos porque uma decisão unânime decidiu que assim deveria ser;

– Os cidadãos têm ao seu dispor, nas suas casas, água de qualidade e segura, porque uma decisão unânime decidiu que assim deveria ser;

– Não temos esgotos a céu aberto porque uma decisão unânime decidiu que assim deveria ser;

– Podemos ter estabelecimentos comerciais, de serviços, clínicas, fábricas, escritórios e todo o tipo de actividades devidamente licenciadas, em qualquer parte do nosso concelho porque uma decisão unânime decidiu que assim deveria ser;

– Temos qualidade de vida porque uma decisão unânime decidiu que assim deveria ser.

Mas o tal populismo e o eleitoralismo que corroem a democracia e a liberdade quer, unilateralmente, esconder do concelho o seu verdadeiro propósito.

As pessoas do nosso concelho devem exigir saber de onde vêm as verdadeiras ameaças à liberdade do nosso concelho e perguntar ao presidente da Câmara a motivação das suas decisões. 

Por que razão em maio de 2017, decidiu, unilateralmente, e sabendo das consequências dessa decisão, onerar os cidadãos do nosso concelho com o pagamento de uma indemnização pesadíssima decorrente dessa decisão.

Por quanto tempo mais vai esconder dos cidadãos do nosso concelho o que na verdade está a acontecer com a ETAR de Arreigada que tem uma capacidade de tratamento inferior à anterior.

47 anos de 25 de abril exigem-nos que façamos estas perguntas.

O PSD sempre esteve nessa luta e continuará a defender os interesses das pessoas. 

O PSD Paços de Ferreira defenderá sempre os valores de Abril em prol da nossa população.

Sentimos que é necessária uma nova atitude para proporcionar uma verdadeira mudança no nosso Concelho.

Contrariamente ao que foi dito há sete anos, que o espírito de Abril tinha finalmente chegado ao concelho, percebemos hoje, pela actual gestão assente no pensamento único que a democracia está ferida e precisa ser curada para o bem de todos.

Por isso, O PSD convida todos os cidadãos a defenderem o interesse colectivo e o património do nosso concelho, participando nas próximas eleições autárquicas, independentemente da ideologia ou cor partidária.

O voto é a voz que a democracia nos deu para reivindicarmos pelo nosso bem-estar.

Viva o 25 de abril

Viva Paços de Ferreira

Viva Portugal