A Inercia do Poder que (Não) nos conduz

Categoria: Notícias, PSD Paços de Ferreira

Desde o passado dia 4 de novembro que foram impostas, em 121 concelhos portugueses, uma série de medidas restritivas que, além de outros sectores, provocam impacto significativo no sector da restauração.

O Governo português não foi capaz, nos últimos meses, de dotar o país dos meios e tomar as medidas necessárias de combate à, muito anunciada, segunda vaga da pandemia provocada pelo SARS-COV-2. Embevecidos pela forma quase milagrosa como os portugueses conseguiram ultrapassar a primeira vaga, instalou-se um laxismo nos nossos decisores.

Por sua vez, e no que à região do Vale do Sousa diz respeito, as Câmaras Municipais, no âmbito das suas competências, optaram por não tomar medidas potencialmente impopulares junto dos munícipes, com receio, creio, que isso tivesse repercussões diretas nas eleições autárquicas que se aproximam. Exemplo disso mesmo foi a opção, pela Câmara Municipal de Paços de Ferreira, do não encerramento dos cemitérios no fim de semana de 30 de outubro a 2 de novembro.

Recordemo-nos que, durante o jogo do “empurra as responsabilidades”, face ao aumento exponencial do número de infeções no Vale do Sousa, e em Paços de Ferreira em especial, e à ausência de qualquer medida nestes concelhos, vimos o Primeiro-Ministro a reunir com alguns Presidentes de Câmaras Municipais da região, para lhes dar o denominado “puxão de orelhas” público.

Assim, por inércia dos decisores, chegamos a esta situação calamitosa.

Por um lado, não temos o hospital, centros de saúde e os seus profissionais preparados e dotados do que necessitam para fazer face a esta segunda vaga, por outro temos um Governo e as Câmaras Municipais que já não conseguem implementar, atempadamente nada que minore os efeitos da pandemia. Devemos ainda acrescentar que os nossos profissionais de saúde estão cansados por ainda não terem recuperado dos sacrifícios que fizeram desde março e o nosso tecido empresarial não tem a capacidade de aguentar mais medidas de confinamento total.

Eis que se decide sacrificar um sector económico por completo para dar a sensação de que estão a tomar medidas para contenção da propagação do vírus – agora!

Então, tomam-se medidas de confinamento parcial e impõe-se deveres de recolhimento que afetam diretamente, e, diga-se, quase que exclusivamente, os restaurantes, bares e cafés como se o problema da propagação do vírus fosse exclusivo deste sector. Os nossos decisores, numa aparente tomada de medidas de contenção, indiretamente, imputam a causa do descontrolo das cadeias de transmissão na frequência de restaurantes, cafés e bares, e, ao mesmo tempo, que deixam este sector abandonado à sua sorte e à capacidade dos seus empresários em sobreviver e salvar milhares de postos de trabalho.

Se o Governo e os executivos das Câmaras Municipais não tivessem sido inertes, ter-se-iam elaborado planos, contratado profissionais e adquirido material hospitalar, bem como implementado nos municípios horários de funcionamento mais restritivos desde longa data, e a par destes, impunham-se apoios atempados às empresas nas reestruturações necessárias e nas compras de materiais de proteção, tudo medidas que permitiriam continuar a aplanar a curva de contágios e evitar a rutura do sistema.

Não podemos também ignorar a omissão grave do dever de fiscalização dos espaços e agentes económicos, assim como na sensibilização das pessoas para o rigoroso cumprimento das medidas impostas pela DGS, com as consequências que agora bem conhecemos.

E, como nos ensina o adágio popular “quem vai ao mar avia-se em terra” e quando assim não acontece existem consequências, que, de uma forma ou de outra nos atingem a todos.

Bruno Ribeiro, PSD Paços de Ferreira